sexta-feira, 12 de junho de 2009

The Acoustic Verses - Green Carnation


Mais um dia inteiro dentro de casa. Enquanto do lado de fora a cidade se agita com a festa anual da cidade, cujo nome me recuso a escrever dado o nível das atrações, passei eu a tarde dentro de casa, conversando na internet como bom representante desta geração virtual e lendo o excelente "Testemunha Ocular", de Peter Burke. Livro do qual pretendo falar quando terminar a leitura (ou não).

Nesses dias introspectivos, procuro buscar ouvir álbuns introspectivos, musical ou liricamente. E é de um desses álbuns que me acompanha nessas dias que passo sozinho que vou falar.

O Green Carnation é uma banda norueguesa que, segundo as palavras do líder e único membro original da banda, Tchort, "é difícil de acompanhar". De fato, o som da banda transitou entre os mais diversos estilos e sempre foi demasiadamente experimental. Eis que em 2006 a banda (hoje dissolvida, sendo Tchort o único membro) lançou o álbum aqui mostrado: The Acoustic Verses.

O álbum possui sete faixas (oito contando com o bônus, que saiu em alguns países como o Brasil), sendo a maior delas dividida em três partes. Nenhuma das músicas (novamente excetuando o bônus) é uma releitura. Todas as faixas foram compostas especialmente para este trabalho.

O álbum começa com a faixa Sweet Leaf. A música começa com os vocais de Kjetil Nordhus, passando em seguida para o baixista Stein Roger, sendo seu vocal muitas vezes semelhante ao de Bono Vox (U2). Uma música até certo ponto animada, se levarmos em conta o clima melancólico do álbum.

Em seguida temos The Burden is Mine... Alone. Cantada por Stein, a letra desta música é na realidade um poema de Edgar Allan Poe de mesmo nome. Em seguida temos Maybe?, uma música um pouco mais psicodélica que as demais, se pararmos para analisar as músicas individualmente. O violino é uma peça-chave na próxima música, Alone, com uma letra que casa com a melodia de forma magistral.

Entretanto, o ponto alto do álbum é a épica 9-29-045. A faixa de 15 minutos e meio é dividida em 3 partes: My Greater Cause, Home Coming e House of Cards. A música mais completa do álbum em matéria de acompanhamento e uma das mais belas que já tive oportunidade de ouvir. No final desta postagem você poderá ouvir as três partes dessa música, vídeos retirados do DVD ao vivo "A Night Under the Dam", show este com um dos palcos mais extraordinários que eu já vi.

Childs Play Part III vem em seguida (as partes I e II estão no álbum The Quiet Offspring). Instrumental, não muito longa. Introduz a última faixa do track-list regular, a música High Tide Waves. Boa música, mas talvez a mais fraca do álbum. Por último, na versão com bônus, a faixa Six Ribbons, cover de Jon English. Um clima folk suave, uma letra magistral, tal qual uma letra verdadeiramente romântica deve ser. A cantora norueguesa Anne Marie Almedal acompanha a música com sua voz doce.

Um álbum que não agrada qualquer pessoa, principalmente quem está acostumado com música mais pesada ou agitada. Um álbum maduro, que transborda musicalidade. É até estranho saber que um álbum como esse foi composto por um músico que já passou por bandas como Emperor, Satyricon e Carpathian Forest. Quem vê corpse paint não vê coração.

Álbum altamente recomendado

Formação:
Kjetil Nordhus - voz
Tchort (Terje Vik Schei) - guitarra acústica
Bjørn H. - guitarra acústica, slide, ebow
Kenneth Silden - piano, cordas e mellotron
Michael S. - guitarra acústica
Stein R. - baixo
Tommy Jackson - bateria

Track-list

01. Sweet Leaf
02. The Burden is Mine ... Alone
03. Maybe?
04. Alone
05. 9-29-045
- My Greater Cause (parte I)
- Home Coming (parte II)
- House Of Cards (part III)
06. Childs Play Part III
07. High Tide Waves
08. Six Ribbons (faixa-bônus)


Ouvindo: 9-29-045 - Green Carnation

sábado, 6 de junho de 2009

The Funeral Album - Sentenced


Quanto tempo faz que não posto nesse blog... se bem que não faz falta para ninguém, já que ninguém o lê.

Resolvi postar hoje inspirado neste álbum fantástico que tenho ouvido incessantemente neste fim de semana frio de junho. The Funeral Album, da banda finlandesa Sentenced.


A idéia de criar este álbum surgiu quando os membros da banda decidiram que era hora de dar fim às atividades do Sentenced. Como sempre tiveram como opinião que bandas que acabam e voltam anos depois em reuniões desrespeitam os fãs e sua própria memória, decidiram que seria um fim definitivo. Um verdadeiro funeral.

Adotando esta temática sombria (que sempre fez parte da identidade da banda), lançaram este álbum no ano de 2005. Como abertura, a pesada May the Day Become de Day. Introdução de baixo, muitos harmônicos artificiais; uma música certeira. Em seguida, um dos destaques: Ever-Frost (clique no link para ver o clipe oficial).

Mais adiante uma música que remete aos tempos de Death Metal da banda, a curta instrumental Where Waters Fall Frozen, seguida de músicas que não deixam o nível do álbum cair. Destaque para Vengeance is Mine.

Por fim, as duas faixas que me fizeram idolatrar o álbum desde a primeira vez que eu ouvi. Karu, uma curta instrumental de violão seguida da última faixa do álbum, chamada End of the Road. Música perfeita, indefectível. Um verdadeiro epitáfio para esta banda.

Os membros do Sentenced sempre deixaram claro que não se reuniriam, mas mesmo assim os fãs sempre mantiveram uma esperança de que um dia a banda voltasse atrás. Essa esperança se desfez em fevereiro de 2009 quando Miika
Tenkula, guitarrista da banda, faleceu. Não foram divulgadas informações oficiais sobre sua morte, mas sabe-se que o mesmo sempre teve problemas sérios com alcoolismo, que teriam piorado com o fim da banda.

Aos órfãos da banda, resta conentar-se com o Poisonblack, banda que o vocalista Ville Laihiala montou e aonde canta e toca guitarra. Considero esta inferior ao Sentenced, mas lançou bons trabalhos. O primeiro contou com os vocais de Juha-Pekka Leppäluoto, vocalista da banda Charon. Diga-se de passagem, ambas as bandas, Sentenced e Charon, são oriundas da mesma cidade, Oulu.

Vale citar que a banda gravou um longo show de despedida em sua cidade natal e o lançou como CD/DVD, intitulado Buried Alive. Nada mais condizente com a situação da banda na época.


Órfão ou não desta banda, este álbum é recomendado para qualquer pessoa que diga gostar de um bom Heavy Metal.

Ouvindo: Consider Us Dead - Sentenced (nada mais justo que ouvir algo do próprio álbum enquanto escrevo sobre ele).